Hora certa de abrir filial

Especialista aponta os fatores que devem ser levados em consideração na hora de decidir sobre a abertura da segunda farmácia.
Hora certa de abrir filial
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No varejo farmacêutico, é muito comum associar o crescimento à expansão física com a abertura de uma filial. Essa lógica leva muitos empresários a acreditarem que abrir uma segunda farmácia é sempre sinal de prosperidade. No entanto, essa decisão deve ser cuidadosamente analisada, pois envolve riscos relevantes, além de exigir uma maturidade operacional e financeira que nem sempre está presente nas pequenas e médias empresas do setor.

De acordo com Luis Carlos Marins, administrador e sócio fundador da Farma Contábil, o primeiro passo antes de pensar na expansão é verificar se a loja principal atingiu todo o seu potencial de crescimento. “É necessário fazer uma análise criteriosa para entender se a farmácia atual está operando com todo o seu potencial. Muitas vezes, ainda há muito espaço para crescer dentro da loja que está em operação”, afirma Marins.

Essa avaliação envolve uma série de indicadores, como o mix de produtos, o layout da loja, o desempenho comercial e a estrutura de custos. Segundo Marins, uma farmácia que fatura, por exemplo, R$ 150 mil por mês pode ainda ter margem para crescer internamente. “Às vezes, ao rever e melhorar o sortimento de produtos, é possível aumentar o faturamento sem abrir novas unidades. É um erro pensar que crescimento significa necessariamente multiplicar filiais”, alertou.

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Faça o planejamento antes de abrir a filial

Outro ponto crucial é o planeamento financeiro. Abrir uma filial exige investimento inicial, capital de giro e uma previsão de retorno bem estruturada. “É importante saber se a empresa tem folga de caixa para sustentar esse novo investimento ou se será necessário recorrer a outros recursos. A decisão deve vir acompanhada de um estudo sobre o tempo estimado para retorno e o impacto financeiro total”, destaca.

A escolha do local para a nova filial também precisa ser estratégica. Analisar o mercado, o perfil do público e a concorrência direta na região pretendida é indispensável. Marins lembra que até grandes redes cometem erros na escolha de pontos comerciais. “Elas têm a vantagem de poder encerrar rapidamente operações que não dão retorno, mas, para o pequeno empresário, um erro na localização pode comprometer seriamente o negócio.”

Além disso, a expansão exige uma nova abordagem de gestão. Com duas ou mais unidades, o empresário já não consegue supervisionar pessoalmente todas as operações. Isso requer investimento em automatização, tecnologia e formação de equipas competentes. “É fundamental manter a padronização do atendimento e evitar falhas, como rupturas do estoque. O empresário precisa aprender a delegar e confiar na sua equipe”, explica Marins.

Loja nova pode quebrar a antiga

Outro risco apontado é o de “contaminação” da loja saudável, caso a nova unidade não tenha um bom desempenho. “Acontece com frequência: a loja principal, que era rentável, começa a sangrar para sustentar a filial que não está dando retorno. Já vimos negócios promissores irem por água abaixo por causa de decisões mal planeadas”, disse o especialista.

No entanto, com os cuidados certos, abrir uma nova filial pode ser uma excelente oportunidade. O mercado farmacêutico tem se mostrado estável e resiliente, mesmo durante períodos de crise como a pandemia. Além disso, o setor evoluiu. A farmácia já não é vista apenas como um espaço para comprar medicamentos. “Hoje, o consumidor busca conveniência, serviços de saúde, variedade de produtos e experiências. É possível captar novos públicos com um bom trabalho de marketing e oferta diversificada”, acrescenta Marins.

Ele também destaca que investir em canais digitais pode ser uma forma de crescer sem custos elevados com novos pontos físicos. “Nem sempre é necessário estar na avenida principal. Com um bom trabalho de divulgação, até locais menos visíveis podem ter boa rentabilidade.”

Planejamento tributário aumenta rentabilidade

Por fim, Marins aconselha os empresários a realizarem um planeamento tributário cuidadoso. “A grande maioria das farmácias são pequenas empresas e, muitas vezes, estão enquadradas em um regime fiscal inadequado. Com uma boa análise tributária, é possível aumentar a rentabilidade da loja e reinvestir esse lucro de forma mais eficiente”, explicou.

A lição é clara: crescer com responsabilidade é mais importante do que crescer rapidamente. Antes de abrir novas portas, é essencial fortalecer as que já estão abertas. Planeamento, análise e profissionalismo são as chaves para uma expansão sustentável e bem-sucedida.

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