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Valuation: três formas de precificar a sua farmácia na hora da venda

Confira as estratégias de precificação (valuation) do Davi Hoffmann para que você não saia perdendo no processo de negociação da venda da sua farmácia.
Valuation: três formas de precificar a sua farmácia na hora da venda
Sumário

No contexto de venda de uma empresa, temos um importante conceito: o valuation. Trata-se de uma metodologia que estima o quanto de fato vale o seu negócio. Davi Hoffmann, sócio proprietário da DHoffmann Consultoria, explica que o termo em inglês significa literalmente avaliação, sendo, portanto, o processo de definição de um preço justo a ser cobrado pela farmácia quando colocada à venda. “O valuation vai gerar uma referência para a negociação. Não é um número absoluto, mas um critério que cria parâmetros para uma transação complexa”, pontua.

1ª forma: técnica dos múltiplos

Uma das técnicas mais utilizadas é a dos múltiplos. “Isso quer dizer que determinada empresa vale X vezes um determinado valor”, ilustra o consultor. Um exemplo é a técnica do múltiplo da receita de uma farmácia. Nesse caso, ela valerá um múltiplo de sua receita/faturamento. Imagine que essa farmácia fature R$ 400 mil reais por mês e que vamos utilizar um fator múltiplo de 4. Seguindo essa técnica, se a farmácia fatura, em média, R$ 400 mil por mês, o valor da venda será de R$ 1,6 milhão.

Em alguns negócios, o múltiplo é feito com base no resultado líquido, ou seja, em relação à margem da farmácia. Nesse caso, vamos considerar que o resultado seja de 6%. Isso significa que uma farmácia com R$ 400 mil de faturamento no mês lucra R$ 24 mil. Pegue esse resultado e multiplique por 12, chegando a R$ 288 mil de lucro líquido anual. Por fim, multiplique esse valor total por 4: R$ 1,15 milhão é o valor pelo qual você venderia o seu estabelecimento.

No entanto, para Davi, a técnica dos múltiplos tem muitas limitações, havendo outras mais seguras. Essa forma de precificar traz incerteza, uma vez que considera a mesma margem para todas as farmácias. “Quando usamos o múltiplo pela receita, levamos em conta apenas o volume de vendas, mas sabemos que não é assim que funciona. Cada farmácia tem a sua gestão, suas margens etc.”, sendo necessário considerar outros indicadores na hora de dar preço de venda.

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Ao precificar uma farmácia pelo faturamento, você está sujeito a erros. Por isso, ao optar pela técnica de múltiplos, corre-se o risco de superestimar ou subestimar o valor. “Quem está comprando pode acabar pagando mais do que a farmácia vale ou quem está vendendo pode acabar negociando abaixo do valor que a farmácia valeria pelo que gera de recursos financeiros”, exemplifica.

2ª forma: fluxo de caixa descontado

A técnica do fluxo de caixa descontado é um método complexo de precificar uma farmácia, porém mais seguro. Nele, a empresa vale – no dia de hoje – a capacidade que tem de gerar caixa, ou seja, de gerar recursos e resultados. É feita uma série de cálculos e projeções levando em consideração a própria estrutura de custos da farmácia. “Porque, convenhamos, cada negócio pode ter suas particularidades e suas próprias margens”, destaca o especialista.

Tomemos como exemplos a Farmácia 1, que tem faturamento bruto anual de R$ 6 milhões e um resultado líquido de R$ 720 mil ou 12%; e a Farmácia 2, com faturamento bruto anual na ordem de R$ 18 milhões e resultado líquido de 6% ou cerca de R$ 1 milhão.

Considerando o método do fluxo de caixa descontado e os parâmetros econômicos atuais, o valuation da Farmácia 1 seria de, aproximadamente, R$ 4,6 milhões, enquanto o da Farmácia 2, com os mesmos parâmetros, seria de R$ 6,9 milhões.

Portanto, embora o faturamento da Farmácia 2 seja 3 vezes o da Farmácia 1, a valoração do negócio não representa a mesma ordem de grandeza.

Vale mencionar também que, se fosse feita uma oferta de compra da Farmácia 2 pelo método de múltiplos, por exemplo, o lado do comprador seria penalizado em função da capacidade reduzida de geração de caixa, levando em conta a proporcionalidade de movimentações financeiras versus desprendimento de capital.

Logo, o valuation da Farmácia 1 representa 77% do faturamento anual, enquanto o da Farmácia 2 representa apenas 38%.

Assim, esse método permite que se personalize o cálculo para apenas uma identidade empresarial e responde às limitações do método dos múltiplos, que pode subestimar ou superestimar o valor.

Leia também: Cuidados na hora de comprar uma farmácia montada

3ª forma: avaliar pelo patrimônio líquido

De acordo com Davi, existe outra metodologia – não tão adequada para farmácias – que consiste em valorar pelo patrimônio líquido registrado na contabilidade. “A empresa vale o seu próprio patrimônio”, pontua.

Nesse método, paradefinir o preço de venda da farmácia, somam-se todos os ativos da empresa, por exemplo, estoque, contas a receber, mobiliário e equipamentos e subtraem-se todos os seus passivos, por exemplo, as contas a pagar para fornecedores. Após esse cálculo, o que restar consiste no patrimônio líquido da farmácia, o valor contábil daquela entidade empresarial.

Imagine que a Farmácia 1, utilizada no exemplo anterior, seja composta do seguinte cenário:

Ativos:

  • Contas a receber: R$ 1.000.000,00
  • Estoque: R$ 250.000,00
  • Bancos (Conta Corrente e Aplicações): R$ 750.000,00
  • Equipamentos e Mobiliários: R$ 500.000,00

Passivos:

  • Contas a pagar: R$ 500.000,00
  • Empréstimos: R$ 500.000,00

Patrimônio Líquido (Operação matemática de ‘Ativo-Passivo’): R$ 1.500.000,00

Esse seria o valuation final com esse método, que podemos chamar até de mais simplório, mas que também desconsidera muitas outras variáveis do negócio, como o próprio momento financeiro e os resultados.

Muitas vezes, o patrimônio líquido não representa a capacidade real que a farmácia tem de gerar resultados. Por isso, em geral, é um método que não se aplica à realidade do varejo farmacêutico.

“A nossa sugestão seria, portanto, usar o método de fluxo de caixa descontado, porque ele leva em consideração particularidades da farmácia, estrutura de custos e despesas, capacidade de geração de receita, margens praticadas, forma de precificar e conceder descontos etc.”, orienta o especialista.

Dívidas impactam na negociação final, não no valuation

No método de múltiplos, se você precificar uma farmácia pelo faturamento,esse preço não considera as dívidas da farmácia, pois o direcionamento será pelo volume vendido.

Já no fluxo de caixa descontado, serão levados em consideração, no momento do valuation, o quanto a farmácia gera de vendas, quanto paga de impostos, quanto tem de custo com produtos e mercadorias vendidas, todas as despesas, resultados gerados. “Já vimos que, no fluxo de caixa descontado, a empresa vale sua capacidade de gerar recursos financeiros”, reforça Davi.

As dívidas do negócio entram em um momento posterior à negociação, não durante o valuation, que calcula apenas o valor da operação. Somente depois que o preço de venda da farmácia for definido é que se discute a dívida líquida. “Essa farmácia tem dívida? Qual o saldo devedor? Deve-se perguntar o comprador. Aqui é o momento de subtrair o valor da dívida do preço de venda”, orienta o especialista.

Nesse caso, se o valuation foi de R$ 1 milhão e a farmácia tem R$ 100 mil de saldo devedor, esse saldo deverá ser abatido. Isso vale para dívidas com bancos, governo, Receita Federal, entre outras. Tudo é subtraído posteriormente ao valuation durante a negociação.

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